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  • Foto do escritorPedro Sarmento

Aluimento de pavimentos

Atualizado: 9 de mar. de 2020

No passado dia 19 de Janeiro, no concelho da Maia, a Estrada Nacional 13 aluiu subitamente.

De acordo com a Câmara local, a estrada teve de se manter cortada nos dois sentidos até à sua reparação que demorou 19 dias e custou cerca de 130 mil euros à autarquia.


Aluimento de pavimento da EN13 (Maia)

Esta situação assemelha-se à do abatimento de pavimento ocorrido em Fevereiro de 2016, na autoestrada A41, em Alfena, Valongo, sendo que as reparações, neste caso, duraram cerca de 3 meses.


Aluimento do pavimento em Fevereiro de 2016 (Alfena, Valongo)

Convidado a comentar estas situações, Bento Aires, Engenheiro Civil e Coordenador do Colégio de Engenharia Civil da Ordem dos Engenheiros - Região Norte realçou que os aluimentos que têm acontecido no Norte do país não são casos únicos pois "temos estradas espalhadas pelo país com passagens hidráulicas feitas em 'armco' [chapas metálicas] e que podem começar a colapsar quando há chuvas ou quando há estradas com mais tráfego. É urgente que todas as entidades despertem para o risco real de segurança que esta solução antiga representa".


Chapas metálicas (armco)

Bento Aires acrescenta ainda que "em Portugal foi frequente há 20/30 anos fazer tubagens de passagens hidráulicas em 'armco', uma solução que está a chegar ao fim da sua vida útil. Na prática são chapas que estão a sofrer fenómenos de corrosão, que estão danificadas. O próprio solo, quando a chapa começa a ficar comprometida, começa a ceder, o que leva ao colapso".


De acordo com o especialista, "uma infraestrutura rodoviária tem vários componentes que vão muito para lá do que o comum dos utilizadores utiliza, que é o piso por onde as viaturas passam", sendo que, para que a estrada tenha segurança, "são necessários taludes, muros de suporte, passagens hidráulicas, passagens inferiores", entre outros elementos.


Acrescenta ainda que "estas chapas metálicas não são uma solução estrutural para casos de condutas [de água]. No fundo, funcionam como uma cofragem de forma a que a própria terra, que tem de ser compactada, é que garante a forma e a resistência. Naquela altura, a solução foi dada como boa. Era económica, era eficiente e de fácil aplicação, mas, ao fim de 20/30 anos notamos que se está a transformar-se num risco de segurança”.


Segundo Bento Aires, o "armco" está em "desuso". "O passar do tempo veio dizer-nos que esta solução não é de todo adequada", refere o engenheiro civil, sublinhando, no entanto, que "uma solução que durou 20 a 30 anos já é durável". "Essas infraestruturas foram dimensionadas e preparadas com base em horizontes que eventualmente hoje já foram modificados com as alterações climáticas", acrescentou.



O excesso de trânsito também pode ajudar ao desgaste da via. "A Nacional 13 é uma estrada com demasiada solicitação, onde há muito tráfego de viaturas pesadas", frisou Bento Aires.


Em comunicado, a câmara da Maia garantiu que ia optar por uma solução "resistente e duradoura", prevendo que esta passasse por canalizar a linha de água por uma conduta de betão armado reforçado com cerca de dois metros de diâmetro.



A Add Building, por sua vez, tem realizado diversos estudos de diagnóstico em cenários de aluimento de pavimentos de tráfego pedonal, onde se verifica que estes ocorrem frequentemente devido a fugas em tubos de condução de água ou infiltrações de água pela superfície do pavimento.

Nestas situações a água vai criando pequenos canais no interior do solo através da remoção dos inertes de menores dimensões ("finos"), descalçando, assim, o terreno de suporte do pavimento.




Fontes:


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